
Segundo os organizadores da Marcha da Marijuana, a iniciativa visa chamar a atenção do Governo, das instituições relacionadas com a questão das drogas e da sociedade civil para “as vantagens da legalização, normalização do cultivo, venda e consumo de cannabis e para a ineficácia e falhanço das políticas proibicionistas na sua missão de resumir o consumo, o tráfico de drogas e o crime associado”.
Questionado pela agência Lusa sobre um dos objectivos da marcha - a legalização e regulamentação da cannabis para todas as utilizações - o presidente do IDT afirmou que não tem “nenhum resistência de princípio ao uso terapêutico” desta planta. “Para fins terapêuticos estão identificados alguns potenciais benefícios dos canabinóides, mas também penso que existem alternativas, outro tipo de fármacos, que podem eventualmente acarretar os mesmos benefícios pelo que não me parece indispensável a sua aprovação”, ressalvou. João Goulão lembrou que já esteve disponível no mercado português um fármaco com o princípio activo do cannabis, cuja utilidade terapêutica era, sobretudo, para contrariar os vómitos causados pelo uso de terapêutica citostática durante o tratamento para o cancro e como um estimulante de apetite. Na verdade, em Dezembro de 1999 foi autorizado um medicamento com Dronabinol (a versão sintética do tetrahidrocanabinol) mas que foi revogado a 28 de Abril de 2005 a pedido do titular.
“Das substâncias ilícitas é a mais consumida em Portugal”, sustentou Goulão, recordando que “tradicionalmente havia o raciocínio que a cannabis era a porta de entrada para todas as drogas”. “Hoje em dia já não é assim. Há uma percentagem maior de pessoas que se iniciam com outras drogas do que as que se iniciam com cannabis”, acrescentou.
Sobre a legalização do consumo da marijuana, João Goulão adiantou que não faz sentido, argumentando que “o enquadramento legal existente em Portugal, que descriminalizou os consumos, é “adequado” tendo em conta o “desenvolvimento da sociedade portuguesa”. Alertou ainda para os riscos do consumo destas substâncias: “a evidência científica vem demonstrar que a cannabis não é uma substância inócua, pelo contrário envolve riscos sérios”. “Hoje em dia o teor do princípio activo é muito maior do que existia há 10 ou 15 anos, devido às mutações genéticas induzidas nas próprias plantas, e as consequências para a saúde mental e física podem ser muito maiores”, sublinhou à Lusa.
Afirmações que são contestadas pelos promotores da Marcha Global da Marijuana. No seu Manifesto afirmam que “a experiência mostra-nos que o uso recreativo de canábis não é uma grave ameaça nem aos consumidores, nem à sociedade” e que “cabe ao Estado o dever de provar o contrário se pretende continuar a limitar a liberdade individual e a penalizar os consumidores”, lembrando ainda que “não há registo de mortes associadas ao consumo de cannabis” ao contrário do que sucede com outras drogas legais. Afirmam ainda que o seu consumo “não gera violência e criminalidade nem ameaça a saúde pública, ao contrário da proibição, que inibe a investigação e o acesso a um recurso com inúmeras utilizações benéficas”.
Em Portugal, a Marcha Global da Marijuana realiza-se este sábado (3 de Maio) às 16h em Lisboa (Largo do Rato) e às 15h no Porto (Praça do Marquês) e em Coimbra (Largo da Portagem).
fonte: http://www.esquerda.net/index.php?option=com_content&task=view&id=6670&Itemid=1
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